CUIDA Chagas lançou seu estudo de implementação em Janaúba (MG)
02/08/2023
CUIDA Chagas lançou seu estudo de implementação em Janaúba (MG)
02/08/2023
O evento marcou o início do projeto, desenvolvido pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que trabalha para que as pessoas acometidas pela doença de Chagas deixem de ser negligenciadas e alcancem diagnóstico, tratamento e cuidado.
No dia 20 de julho, o projeto CUIDA Chagas “Comunidades Unidas para Inovação, Desenvolvimento e Atenção para a doença de Chagas” inaugurou as atividades de campo de sua pesquisa de implementação na localidade de Janaúba, norte de Minas Gerais. Este estudo busca gerar evidências sobre as abordagens mais apropriadas para a promoção do diagnóstico, tratamento e cuidado para a doença de Chagas no âmbito da Atenção Primária à Saúde. O objetivo é contribuir com estratégias para a eliminação da transmissão vertical (durante a gravidez e/ou o parto) da doença de Chagas. O projeto CUIDA Chagas é financiado pela Unitaid e co-financiado pelo Ministério de Saúde do Brasil.
O evento de lançamento reuniu mais de 250 pessoas, entre profissionais da saúde, gestores e a membros da comunidade de Janaúba, assim como representantes técnicos e governamentais relacionados ao projeto. A mesa de honra contou com a presença do prefeito da cidade, José Aparecido Mendes; o Secretário Municipal de Saúde, Helvécio Campos; o coordenador substituto da Coordenação Geral de Vigilância de Zoonoses e Doenças de Transmissão Vetorial (CGVZDTV) do Ministério de Saúde, Gustavo Laine Araújo; a referência técnica do Programa de Chagas da Superintendência Regional de Saúde de Montes Claros, Nilce Almeida Lima Fagundes; o coordenador substituto do CGLAB, Rodrigo Rodrigues; a representante da sociedade civil acometida pela doença, Maria Helena Fernandes Damacena e a Investigadora Principal de CUIDA Chagas, Andréa Silvestre pesquisadora do INI, Fiocruz.
O Vice-presidente de Inovação e Produção em Saúde da Fiocruz, Marco Krieger e a Diretora do INI, Valdiléia Veloso, também participaram do evento, enviando suas palavras de apoio e reconhecimento ao trabalho que vem sendo realizado pelo projeto CUIDA Chagas em parceria com gestores locais, estaduais e nacionais.
No marco do evento, o Secretário Municipal de Saúde, Helvécio Campos reconheceu:
“O privilégio de termos sido escolhidos para participar de forma efetiva de um projeto que vai modificar o curso natural de uma doença que há anos é negligenciada. A oportunidade que nós temos é ímpar para fazer que esta doença mude de patamar: de negligenciada para assistida e curada”.
Gustavo Laine de Araújo, representando ao Ministério de Saúde e Ambiente, enfatizou a importância da pesquisa de implementação de CUIDA Chagas:
“Que é feita com a comunidade, no cotidiano dos serviços, assim alinhada com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS), entre eles a participação social.”
A Organização Panamericana da Saúde (OPAS), por meio de Miguel Aragón, representante do escritório OPAS/Brasil, também participou do evento por meio de um vídeo. Aragón mencionou:
“A doença de Chagas congênita é um problema que afeta as comunidades das Américas e o projeto CUIDA Chagas irá permitir criar nova evidência para um diagnôstico mais rápido das mulheres gestantes, assim como também para esquemas de tratamento mais curtos e eficaces. ”
Maria Helena Damacena, gorutubana acometida pela doença e integrante do comitê local que trabalha junto à pesquisa, realizou um pronunciamento que sensibilizou ao público presente:
“Eu sou uma delas, uma pessoa acometida. E na minha família muita gente que tem, meu pai faleceu por comprometimento do coração por causa da Chagas. E eu não tinha conhecimento da doença, fui descobrir que tinha já com 30 anos. Então fiquei atenta de poder participar do projeto para assim levar esclarecimento para minha própria família.”
Por sua parte Andréa Silvestre, agradeceu o apoio e parceria com os diferentes níveis de gestão e ratificou:
“O fato emblemático de estarmos desenvolvendo esse projeto numa região que foi o berço das pesquisas sobre doença de Chagas, território onde Carlos Chagas iniciou seus estudos a começos do século XX. A rede de saúde de Janaúba tem uma ampla capacidade de ação, contando com 100% de cobertura em atenção primária. Agradecemos o engajamento ativo e receptivo de toda a comunidade para trabalharmos juntos para o sucesso do projeto.”
A seguir, Eliana Amorim, gerente do estudo de implementação apresentou os aspectos gerais da pesquisa e sua atuação e desafios no município de Janaúba. Posteriormente, o prof. Alejandro Luquetti, pesquisador de grande trajetória no tema, fez entrega dos certificados aos supermultiplicadores que atuam das capacitações desenvolvidas por CUIDA Chagas. O evento encerrou-se com uma apresentação da tradicional dança do pote pela associação quilombola Bem Viver.
A partir do dia 21/07, as UBS da rede pública de Janaúba Edilson Brandão (bairro Novo Paraiso) e Maurício Martins (Vila Nova dos Poções) darão início à fase piloto da pesquisa de implementação de CUIDA Chagas. Mulheres entre 10 e 49 anos poderão participar do estudo realizando um teste rápido para detectar a doença e seguir os procedimentos estipulados pela pesquisa. Após a fase piloto, gradativamente, a possibilidade de participar da pesquisa de CUIDA Chagas estará disponível em todas as UBS e na Maternidade do município.
O estudo de Implementação de CUIDA Chagas
No Brasil a pesquisa vem sendo desenvolvida em cinco municípios, um em cada macrorregião do país. Além disso, também está sendo realizado em outros três países da América Latina: Bolívia, Colômbia e Paraguai. Desenvolve-se junto aos gestores locais, profissionais do Sistema Único de Saúde (SUS) e lideranças comunitárias com o objetivo de criar modelos eficazes e sustentáveis para melhorar o acesso ao diagnóstico, tratamento e cuidado para doença de Chagas. No município de Janaúba, o estudo busca avaliar 18.000 participantes, tendo como foco mulheres em idade fértil (10 a 49 anos), seus filhos(as) e contatos domiciliares. Em nível nacional serão avaliados mais de 65.000 participantes, trabalhando em mais de 55 centros de saúde entre Unidades Básicas de Saúde (UBS) e maternidades.
Redação: Valentina Carranza