O acesso ao diagnóstico e tratamento da doença de Chagas ainda enfrenta diversas barreiras, tanto na disponibilidade de tecnologias quanto na organização dos sistemas de saúde. Como uma Doença Tropical Negligenciada, essas dificuldades estão relacionadas à dinâmica do mercado de suprimentos e à estrutura dos serviços de saúde.

Diante desse cenário, o projeto CUIDA Chagas não apenas conduz estudos clínicos, de implementação e validação para aprimorar diagnósticos, tratamentos e modelos de cuidado, mas também desenvolve estratégias para intervir no mercado e garantir que as novas evidências científicas se traduzam em acesso equitativo. A iniciativa busca prever a demanda por tecnologias e avaliar os mercados de testes diagnósticos e de tratamento nos quatro países onde atua – Bolívia, Brasil, Colômbia e Paraguai.

O primeiro passo foi mapear as barreiras ao acesso, ouvindo gestores e profissionais de instituições envolvidas no combate à doença de Chagas. No setor de saúde, os principais desafios incluem a fragilidade da vigilância e dos sistemas de informação, a falta de estrutura na gestão de insumos – como testes diagnósticos e medicamentos – e a ausência de consenso sobre protocolos para o uso de testes rápidos.

Já no mercado de diagnósticos, o projeto identificou a disponibilidade de testes nos quatro países e desenvolveu um modelo para prever a demanda por essas tecnologias, considerando diferentes cenários de uso. Esse estudo permitirá um diálogo mais qualificado com compradores e produtores.

No mercado de tratamentos, onde as opções terapêuticas ainda são limitadas, o CUIDA Chagas tem mobilizado esforços para garantir a disponibilidade contínua dos medicamentos benznidazol e nifurtimox, essenciais para o tratamento da doença. O engajamento com diferentes atores busca assegurar a produção e distribuição dessas substâncias para crianças e adultos, reduzindo as lacunas no acesso ao tratamento.

Com essas iniciativas, o projeto CUIDA Chagas pretende fortalecer o enfrentamento da doença e garantir que avanços científicos resultem em benefícios concretos para a população afetada.

Por Luiz Villarinho 
Coordenador de Acesso ao Mercado CUIDA Chagas