Projetos CUIDA Chagas e Integra Chagas são destaque no Medtrop 2022
02/12/2022
Projetos CUIDA Chagas e Integra Chagas são destaque no Medtrop 2022
02/12/2022
Nesta terça feira 15/11, os projetos CUIDA Chagas e IntegraChagas, coordenados pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, INI-Fiocruz, apresentaram suas abordagens, metodologias, conquistas e planos de ação no 57° Congresso da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, MedTrop 2022, que aconteceu na cidade de Belém entre o 13 e 16 de novembro deste ano. Os projetos fizeram parte da reunião satélite ChagasLeish, numa mesa intitulada Ações integradas para a Doença de Chagas no Brasil – Oportunidades e desafios; projetos do Ministérios da Saúde, coordenada pelo professor Alejandro Luquetti, da Universidade Federal de Goiás (UFG).
A apresentação do CUIDA Chagas ficou a cargo de Andréa Silvestre, Investigadora Principal do projeto, que ressaltou a importância de todas as iniciativas promovidas pelo Ministério da Saúde, e destacou a necessidade de se abordar a transmissão vertical da doença de Chagas neste projeto, que conta ainda com o financiamento internacional de UNITAID. Enfatizou que:
“A transmissão vertical é negligenciada entre outras formas de transmissão e é responsável por novos casos em países não endêmicos. Temos a estimativa que 9.000 bebês nascem a cada ano com a doença de Chagas na América Latina, mas 97% dos casos não são notificados. Ou seja, nós não identificamos esta via de transmissão, a qual vêm crescendo proporcionalmente com os avanços no controle da transmissão vetorial.”
A pesquisadora explicou que o projeto CUIDA Chagas visa contribuir para a eliminação da transmissão vertical através de uma abordagem que associa uma pesquisa de implementação e três pesquisas de inovação, envolvendo mais de 32 municípios de quatro países da América Latina: Brasil, Bolívia, Colômbia e Paraguai.
“Esperamos que até o fim do projeto consigamos aumentar a demanda por diagnóstico, tratamento e cuidado integral para a doença de Chagas”, declarou Andréa Silvestre, esclarecendo que, até 2025, o projeto tem previsão de testar mais de 230 mil pessoas e tratar mais 9.500, priorizando mulheres em idade fértil, seus filhos e contatos domiciliares.»
CUIDA Chagas foi parabenizado por Pedro Albajar, Coordenador do Programa Global de doença de Chagas da Organização Mundial da Saúde (OMS), que encorajou a validação dos resultados e estimulou a pensar grande. “Esse é um projeto que quer transformar. Devemos pensar não só transformar durante sua atuação, colocando algumas evidências acima da mesa, mas também transformar de forma sustentável a realidade que hoje tão duramente enfrentamos. Essa interrupção da transmissão vertical que virá da cobertura de diagnóstico, tratamento de crianças, meninas e mulheres em idade fértil, e de uma triagem universal, é um sonho grande, mas a gente sonha muito grande” destacou Albajar, dizendo sentir muita felicidade de iniciar um projeto que pretende transformar tanto e de forma sustentável.
Na sequência da mesa, o projeto IntegraChagas foi representado por Eliana Amorim, pesquisadora de Monitoramento e Avaliação, que destacou o momento ímpar que vive a pesquisa para a doença de Chagas no Brasil devido às iniciativas promovidas e/ou financiadas pelo Ministério da Saúde. Amorim afirmou que:
“Estamos muito esperançosos, pois nunca na história tivemos a oportunidade de começar o ano com dois projetos destas dimensões e natureza para a doença de Chagas.”
A abordagem do projeto IntegraChagas, segundo a pesquisadora, “tem como prioridade integrar as ações da vigilância em saúde e da atenção básica para a doença de Chagas”. Amorim considera que a dificuldade desta integração cria algumas das barreiras do acesso à saúde da população com doença de Chagas, o que reforça a realidade de negligência, reconhecendo-se que menos de 10% dos casos de Chagas são diagnosticados e menos de 1% dos casos são tratados.
Como forma de transformar este cenário, IntegraChagas propõe ações de diagnóstico, tratamento e cuidado em quatro municípios de quatro regiões geográficas do Brasil, partindo de uma contextualização de três Estudos de Base. O primeiro estudo busca descrever os perfis sociodemográficos que tipificam os principais determinantes sociais para a doença de Chagas em cada região. O estudo de base 2, avalia a implementação do programa de controle da doença de Chagas nos municípios selecionados. E o terceiro estudo busca padrões epidemiológicos e operacionais de controle da doença de Chagas crônica, a partir da análise dos bancos de dados existentes.
Além dos estudos, Amorim ressaltou que um dos destaques do projeto é a incorporação de uma linha de cuidado para as populações acometidas pela doença de Chagas. “Temos a oportunidade de reconhecer se o processo de estruturação da linha de cuidado é efetivo e como podemos fazer sustentáveis estas ações”, afirmou a pesquisadora. Os três eixos fundamentais apontados para garantir esta sustentabilidade são, para Amorim, a comunicação, a mobilização e a formação dos profissionais da atenção básica.
A iniciativa foi parabenizada por Liliane da Rocha Siriano, Coordenadora Estadual de Zoonoses da Secretaria de Saúde de Goiás, parceira institucional do projeto IntegraChagas na região Centro-Oeste. A gestora disse que:
“A gente, enquanto Estado, agradece a presença de vocês em nossos territórios, que são territórios vulneráveis, e se coloca à inteira disposição do que os projetos precisarem. Somos parceiros e o maior legado vai ser o município poder andar com as próprias pernas, seguindo os fluxos e fazendo a manutenção das atividades.”
A mesa foi finalizada por Ângela Cristina Verissimo, coordenadora do IntegraChagas na Amazônia – Estudo Piloto, projeto também apoiado pelo Ministério de Saúde e financiado pela Fiocruz, o qual acontece no município de Abaetetuba, Pará. O projeto busca se estabelecer como uma referência para a implementação de ações integradas para a doença de Chagas na região Amazônica, lugar onde ocorre o maior número de notificações de casos agudos da doença de Chagas, geralmente a partir da transmissão oral, e abrange uma realidade geográfica muito específica.
Redação: Javier Abi-Saab